22/07/2010

Próximo Encontro: 25/07 às 10hs - Dor do Parto

Pessoal,

O nosso próximo encontro será no dia 25 de julho de 2010 às 10hs.
O tema desse encontro será a misteriosa Dor do Parto! Como aliviar essa dor? Afinal, ela é suportável? Com o que se parece?
Estamos esperando por você! O evento é gratuito, mas para participar você deve confirmar sua presença!
Não perca! Leve seu marido! Conte sua experiência!

* Relembrando:
Quando: 25 de julho de 2010 - domingo das 10 às 12 hs
Tema: Dor do Parto
Onde: Rua Bambina, 146 - salão de festas - Botafogo
Cidade: Rio de Janeiro - RJ
CONFIRME SUA PRESENÇA: através dos telefones: 94187500 (Ingrid) ou 9962-6555 (Maíra) ou pelo e-mail: ishtar.rio@gmail.com

AVISOS!
* Agora o Ishtar conta com um grupo de discussão na internet onde podemos trocar mensagens entre as participantes dos nove Ishtar pelo Brasil (Pará, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Brasília, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro). Você recebeu o convite? Não? Então entre em contato e enviaremos!
Caso já tenha recebido, está esperando o que para entrar e se apresentar?!
Estamos sentindo sua falta!
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* caso não queira mais receber estes e-mails, escreva para ishtar.rio@gmail.com

ISHTAR NEWS

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Escrito em:15/7/2010

Da primeira vez dói, mas é gostoso. Depois só é gostoso.

(FINALMENTE O RELATO DE PARTO DO TOM)

Parirás com dor! A frase da Bíblia ecoa na cabeça das mulheres como uma ordem. Fala-se tanto na tal da dor do parto que a única coisa que a maior parte das mulheres consegue fazer é... parir com dor. Difícil imaginar que possa ser diferente. Difícil se libertar das histórias de partos sofridos que ouvimos por aí. Mas também é difícil acreditar que a humanidade sobreviveria se parir fosse tão sofrido quanto parece. Parir é o ponto final, o ápice do ciclo reprodutivo feminino. É natural. É necessário. A mulher morre no parto para dar lugar a outra, renovada, poderosa que estava guardada e nasce junto com o bebê que acaba de conhecer o mundo do lado de fora. É animal! É feminino! É humano! E o respeito as decisões e escolhas da mulher antes e durante esse momento é o ponto principal para que o nascimento de mãe e filho possa ser prazeroso para mulher e bebê.

Prazeroso sim porque foi prazer o que senti as 06:40 da manhã às 40 semanas e meia de gestação quando percebi as primeiras contrações.

Seis anos e seis dias depois do meu mais importante renascimento, sentia novamente a alegria de ver meu corpo trabalhando para dar a luz naturalmente. Mas como eu mesma pedi, dessa vez era tudo diferente.

A gravidez passou voando. Quando me dei conta já era uma barriga andando sozinha pelas ruas do Rio de Janeiro. Mas o morador da barriga não estava nem aí pro tamanho da mãe. Tinha o tempo dele, a hora dele e eu que aprendesse a esperar. E como esperei! Como passaram lentamente os dias desde as 38 semanas. Uma longa espera até aquela manhã de segunda feira às 40 semanas e meia de gestação.

Depois de levantar da cama xingando por mais uma vez acordar sem sentir nada, finalmente meu corpo dava sinais que era chegada a hora.

A primeira sensação foi de euforia. Mal conseguia controlar a felicidade depois de tanto tempo de espera. Subi e desci as escadas, abracei várias vezes minha filha mais velha, saboreei o café da manhã e guardei pra mim as primeiras contrações. Não as dividi com ninguém. Mas durou pouco. Minha ansiedade e minha boca grande não seguraram e não resisti a contar ao marido que Tom parecia estar a caminho. Maiara logo entendeu, pediu pra ir para escola e ser avisada depois que nascesse.

Fiz questão de levá-la até a sala de aula e contei sobre a grande hora a todos que encontrava pelo caminho.

De volta a nossa casa, as contrações já eram intensas e frequentes. Mas não traziam dor. Seriam dor se fossem na cabeça, nas costas, mas eram no útero. E no útero eram só prazer. Era dor de amor. E dor de amor não dói.

Ligamos para o médico, passamos por lá e saímos com a notícia: desmarca as outras pacientes que estou indo pra casa dela.

Seis dos dez centímetros já haviam se passado. Dei a notícia à Dydy que prometeu que chegaria a tempo. Senti que ela ficou nervosa. Tinha medo de não chegar. Mas eu tinha certeza que esperaria por ela. Não poderia aguardar nove meses para aproveitar tão pouco tempo o grande final.

Nossa casa, nosso quarto, nosso ninho, nossa piscina. Era aqui no nosso canto que nosso filho seria recebido. Chegamos praticamente juntos. Nós e o Xico, o obstetra. Xico nos deixava a vontade. Olhava as fotos da sala, a árvore no quintal, o clima da casa, observava tudo ao redor enquanto meu marido armava a piscina. E eu? Subia e descia as escadas. Subia para ajudar o marido, descia para receber massagem do obstetra, subia para receber massagem do marido, descia para bater papo com obstetra.

Entre idas e vindas, subidas e descidas, o prazer aumentava. Eram as contrações mais fortes, frequentes, intensas. Era Tom a caminho.

A caminho também estava Dydy que chegou assim que a piscina ficou pronta. Sorri quando ela chegou.

A água era quente, relaxante e agora me sentia num harém. Pra onde olhasse, pra onde fosse, havia uma mão pronta a fazer uma massagem.

Já haviam se passado quase nove dos dez centímetros. Mais de duas horas desde os seis. Quanta diferença do primeiro parto, meteórico, em que a dilatação total veio em apenas uma hora. Agora era intenso, mas saboreado aos poucos. Foi degustado, foi pensado. Se a fêmea tomava todo o corpo na contração, no intervalo a cabeça voltava. E conversava, e debatia, e refletia. Refletia sobre as mudanças que estavam vindo e as que estavam por vir.

A dilatação era total. A vontade de fazer força vinha aos poucos. Era tantra. Suave e intensamente esperando para explodir no momento final.

Lembro de rir da Dydy que contava de seus partos doloridos, lembro de pedir massagem, lembro de segurar firme nas mãos do Xico, lembro de pedir beijo ao marido. Muitos beijos. Beijos mágicos, quentes, carinhosos, como só ele soube me dar. Beijo que despe, que abre o caminho, que faz nascer o Tom.

Senti a bolsa finalmente estourar. Já fazia força há mais de duas horas: de cócoras, de quatro, sentada. Mas não lembro de ter visto o tempo passar. Sei que ele passou, mas não senti. Não vi o tempo passar no rosto do Xico nem da Dydy. Vi seus rostos sempre calmos, esperando o êxtase do nascimento. Vi um Lipe guerreiro, carinhoso, curtindo comigo o meu momento. Era nosso momento.

A luz apagou. Não foi apagada, apagou. Faltou luz na rua. A câmera, que já estava sem bateria, desligou. O universo decidiu que seríamos os únicos a presenciar aquele momento.

Chamei pelo Tom. Agora era mais intenso. Lipe me segurou por trás.Senti que era hora de ir até o final. Gritei! Era êxtase!Deixei que meu corpo empurrasse e ele saiu.

Lindo, branquinho, cabeludo, sujo de vérnix e com o cordão enrolado em duas voltas pelo corpinho.

Xico o pegou na água, desenrolou o cordão e o passou para mim. Tom me cheirou. Eu o cheirei. Perguntei se ele reconhecia a minha voz? Se eu era como ele me imaginava. Ele era muito mais. Reconheceu o seio que o alimentará pelos próximos meses. Mamou .

Foi tudo como combinamos na noite anterior: suave, tranquilo, em paz. Não houve cortes, não houve pontos, não houve sorinho, não houve lavagem, não houve aspiração no Tom, não houve, não houve, não houve. Houve apenas observação, força, cuidado, carinho e amor.

Lipe cortou o cordão. Fiquei ainda um tempo na piscina reconhecendo o menino que eu já amava antes de conhecer. Como eu pude duvidar da minha capacidade de amar mais um filho? Tom já nascia amor.

Renasci! Deixei que fosse pelo ralo com a água da piscina uma mulher e saí outra. Mais intensa, mais apaixonada pela vida, mais eu. A nova eu.

FOTOS DO PARTO

PS1: Maiara chegou logo depois do nascimento. Entrou no quarto, olhou e se apaixonou imediatamente pelo irmão. Ver meus filhos se conhecendo foi uma das maiores alegrias da minha vida.

PS2: A placenta demorou mais de três horas para sair após o nascimento. Saiu naturalmente com ajuda de agulhinhas de acupuntura. Santas agulhinhas de acupuntura. Doeu mais para expulsar a placenta do que parir o Tom. Tom foi só prazer.

Queria agradecer ao Tom por ter sido tão maravilhoso. À Maiara por ter me feito mãe. Ao Xico por ter assistido ao nascimento e deixado acontecer naturalmente. À Dydy por ter confiado em mim desde sempre. E ao Lipe por ter me feito a mulher da sua vida e me ensinado a amar.

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